25 DE JULHO – O DIA DO ESCRITOR, por GILMAR CARDOSO

“Escrever é poder viajar levando o mundo inteiro na bagagem!”

 

Neste dia 25 de julho comemoramos o – DIA NACIONAL DO ESCRITOR – e tem-se que a data foi escolhida pelo ex-ministro da Educação e Cultura Pedro Paulo Penido (1904-1967), em 1960, para prestar uma homenagem e reverenciar os escritores e escritoras brasileiros. A memória do feito deve-se à realização do I Festival do Escritor Brasileiro, uma promoção da União Brasileira de Escritores (UBE), que realizou-se em 25 de julho de 1960. Através da edição de uma Portaria assinada em 23 de julho o MEC oficializou o evento sob a responsabilidade da entidade que era presidida pelo escritor João Peregrino Júnior   e tinha como vice-presidente o imortal Jorge Amado (1912-2001).

O genial escritor português José Saramago, Nobel de Literatura em 1998 dizia que somos todos escritores, só que alguns escrevem e outros não. O nosso Machado de Assis, fundador da Academia Brasileira de Letras afirmava que palavra puxa palavra, uma ideia traz outra, e assim se faz um livro, um governo ou uma revolução.

Escrever é uma arte, um dom, uma vocação e até mesmo um ofício. Escrever é dividir com os demais as informações e pensamentos, crenças e dúvidas, amores e desafetos. Em síntese, escrever é a voz do mudo e arma dos injustiçados. Por isso, quando ninguém te ouve: - Escreva!

Por outro lado, ao nível internacional, os escritores são lembrados em 13 de outubro, data conhecida como sendo o Dia Mundial do Escritor. Lutamos por um país onde os escritores tenham um dia inteiro dedicado à eles, mas, que todos os demais possam ser voltados para incentivar, motivar e despertar os leitores. O escritor escreve para ser lido!

Atentem-se para o fato de que os não-leitores, ou seja, os brasileiros com mais de 5 anos e que não leram nenhum livro no último trimestre, representam 48% da população, o que equivale a quase 100 milhões de pessoas, segundo dados da edição de 2020 da pesquisa Retratos da Leitura  no Brasil. Nós precisamos desenvolver um hábito de ler livros, porque a gente lê o tempo inteiro. Lê placas, lê os posts nas redes sociais, lê jornal. Mas, realmente, o volume de pessoas que  leem livros ainda é muito pequeno.

O nosso potencial é muito grade e precisamos cada vez mais incentivar que as pessoas leiam, pois, a leitura é um ato político, é um ato ativo. Ler não é em si um ato individual, porque após a leitura temos a vontade de querer compartilhar o conteúdo, comentar e acrescentar o conhecimento àqueles com os quais convivemos. Bibliotecas e livrarias acessíveis são o começo do caminho e o exemplo, inclusive, dentro de casa, uma das principais razões para reverter a situação atual. Ler é refletir sobre o outro e sobre si mesmo.

                Dentre as razões elencadas pelos  que não leem, aqueles que declaram não ter tido contato com nenhum livro nos últimos três meses, apontam a falta de tempo, não gostar de ler, não ter paciência para ler, preferir outras atividades, ter dificuldades para ler, sentir-se cansado e não haver bibliotecas por perto, além de  problemas de saúde e visão. E se, em algum lugar do passado, o ócio convidava a abrir um livro, o impacto das novas tecnologias já manifesta marcas evidentes.

Cabe aos escritores, educadores, formuladores de políticas públicas a missão de retomarmos a consciência de que a leitura é uma atividade fundamental para a qualidade de vida das pessoas, uma vez que trabalha a imaginação, o raciocínio, o vocabulário e a escrita dos leitores. Ainda, sempre bom destacar que segundo a pesquisa, um bom número de entrevistados disseram que não leram mais porque acham os livros caros; e que um dos fatores que mais influenciam a leitura, ainda é o incentivo  e a recomendação de outras pessoas (34%)

Sou convicto de que em todo o Brasil ainda é possível encontrarmos em diversos lugares iniciativas que buscam reconstruir caminhos perdidos pela falta ou ineficiência de uma educação de qualidade e inclusiva, que garanta sustentabilidade cultural e crítica aos seus cidadãos. Em escolas, bibliotecas de acesso público, associações de moradores, praças, igrejas e outros tantos espaços promove-se a leitura através de projetos que se mantém pela insistência daqueles que acreditar que a leitura é um direito e pode estar na base da transformação que esse país precisa.

Compartilho com o entendimento de que quem lê, sabe mais; pensa melhor, compara ideiais, prepara-se melhor, tem o que falar, tem o que responder, fundamenta suas opiniões e aumenta sua compreensão.

Concluo com nosso ícone paranaense Paulo Leminski, o Polaco, que imortalizou sua Razão de Ser, ao grafar que “Escrevo. E pronto. Escrevo porque preciso. Preciso porque estou tonto. Ninguem tem nada com isso. Escrevo porque amanhece. E as estrelas lá no céu, lembram letras no papel. Quando o poema me anoitece. A aranha tece ideias. O peixe beija e morde o que vê. Eu escrevo apenas. Tem que ter por quê?”.

Leia e escreva você também. Amém!

 

GILMAR CARDOSO, advogado, escritor e poeta, membro do Centro de Letras do Paraná e da Academia Mourãoense de Letras.